Faz tempo que a terra santa é palco de conflitos. Mesmo com vários acordos (e tentativas de acordos), a paz não consegue deslanchar por lá. Por quê?
São vários os motivos. Um deles é a questão de quem ficaria com Jerusalém. No plano da ONU de 1948, a cidade seria uma “cidade internacional”, o que, obviamente, não aconteceu. Ambos os lados reivindicavam a posse pela cidade. No fim das contas (e da Guerra dos Seis Dias), Israel, que é o único dos dois países que saiu do papel, ficou com Jerusalém.
Na Guerra dos Seis Dias Israel também tomou outras terras importantes da região: a península do Sinai, as Colinas de Golã, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. A Cisjordânia e a Faixa de Gaza são hoje território da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e a península do Sinai foi devolvida ao Egito. Mas as Colinas de Golã ainda estão em posse de Israel, que não aceita abrir mão por um simples motivo: os lençóis freáticos. Em uma terra tão deserta, onde a água é tão escassa (inclusive é lá que se localiza o Mar Morto, que tem esse nome devido ao alto índice de salinidade), os lençóis freáticos são de extrema importância.
Esses impasses foram alguns dos principais motivos que levaram acordos, como Camp David (em 2000), a falhar. E mesmo se a criação de um Estado palestino saísse do papel, haveria um outro problema que ameaçaria a paz: a volta de refugiados palestinos que estão fora da região. Alguns deles, radicais, poderiam fazer novos atentados para tentar aniquilar Israel.
Mesmo assim, progressos têm sido feitos: em 1993, no acordo de Oslo, foi criada a ANP e acabou a primeira Intifada, iniciada em 1987. Em 2005, Sharon retirou todas as colônias judaicas da Faixa de Gaza e outras da Cisjordânia. Por outro lado, a morte de Rabin em 1995 e as recentes declarações do novo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não foram algo que entusiasmou aqueles que desejam paz.
Nentanyahu não falou até agora na criação de um Estado palestino como forma de buscar a paz, mas exigiu que os palestinos reconheçam Israel como "Estado judeu", durante uma reunião com o enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell. O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, ainda declarou que os acordos de Annapolis (2007) não precisavam ser seguidos. Lieberman era o ministro das Relações Exteriores no tempo de Ehud Olmert, mas renunciou ao cargo no início de 2008 para protestar contra as negociações com os palestinos, que estavam avançando.
Todo esse quadro mostra que a paz parece estar distante da terra santa. O Kadima, partido que estava no poder em Israel nos últimos oito anos, parece ter perdido força devido aos fracassos na tentativa de estabelecer a paz (tanto é que Tzipi Livni não conseguiu formar um governo de coalizão para manter o partido no poder), o que favoreceu a volta do Likud ao comando, que promete “endurecer o jogo”. O problema é que não se pode combater a guerra usando guerra, mas sim, usando paz. E para haver paz, é preciso haver diálogo.
Por Pedro Faustini