Quando eu prestei vestibular, escrevi na redação que “Quando uma árvore está morrendo, um dos primeiros sinais da morte são suas folhas, que caem. Para salvar essa árvore, não basta colar as folhas nos galhos. Dessa forma, se está apenas remediando o problema, não solucionando-o. Deve-se dar nutrientes para a raiz. Ou então plantar uma nova árvore. Levaria vinte anos, talvez, para que a nova árvore amadureça. Mas seus frutos serão os mais doces possíveis”.
O mesmo esquema acontece com a educação. Educação de qualidade demora vinte anos (o tempo de uma geração) para mostrar efeito na sociedade. Mas ela resolve qualquer problema que exista. Com qualificação, chega-se aonde se quiser. Os frutos são os mais doces possíveis.
A medida do STF de retirar a obrigatoriedade do diploma é convidar as pessoas interessadas em fazer jornalismo a não estudar. Convidá-las a fazer parte das folhas cadentes da árvore que está morrendo. Uma contradição, pois em um momento que o Ministério da Educação visa aumentar o orçamento em educação (de 4% para 6% do PIB) um diploma de nível superior “cai”.
Mas tal atentado não tende a alterar muito o cenário da profissão. Com a chegada de novas tecnologias, quem não tiver o diploma vai passar por grandes dificuldades de se inserir no mercado de trabalho, que irá procurar jornalistas qualificados para editar som, vídeo, escrever textos em jornal e internet, saber explorar os potenciais da TV Digital e da IPTV, dentre outras coisas.
Mais do que nunca, a educação se tornou algo de vital importância. A profissão se tornará mais técnica, mas sem deixar as questões humanas de lado. O jornalista – assim como hoje – terá que saber de tudo, um pouco. E só conseguirá isso se cursar uma faculdade, se especializar, cursar várias pós-graduações... Enfim, o jornalista irá colher aquilo que plantar.
Por Pedro Faustini