De novo volto a falar do diploma. Afinal, esse será o assunto que abordaremos amanhã no programa de TV que faremos na aula de Laboratório de Jornalismo. O entrevistado será o professor da Famecos, Luciano Klöckner, que coordena a Radiofam. A primeira parte será a entrevista e depois virá o debate.
É complicado fazer um debate sobre algo que não gera tanta polêmica. Para nós, que somos estudantes de jornalismo, é quase unânime a preferência pela obrigatoriedade do diploma.
Tal obrigatoriedade existe desde 1969. Uma ideia dos militares, que pensavam que dessa forma menos pessoas chegariam ao meios de comunicação para criticar o governo. Mas com a obrigatoriedade, as pessoas tinham que cursar faculdade para “ir ao ar”. E em geral, as universidades eram um reduto de resistência ao governo.
Claro que o estado financiava os meios de comunicação com propagandas (do estilo “Brasil: ame-o ou deixe-o”). Mas nem por isso jornalistas deixavam de se opor ao regime. Tanto é que o jornalista Vladimir Herzog foi morto em 1975 por ser um comunista de resistência ao regime militar. E esse episódio aumentou ainda mais a rejeição ao governo por parte de setores da mídia.
Dizer que o que o jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina ou engenharia é equivocado. Em 1938, quando Orson Welles leu na rádio CBS um trecho da dramatização radiofônica de "A Guerra dos Mundos", muitas pessoas em Nova Iorque entraram em pânico. Houve gente que se matou. No Brasil, a imprensa teve um papel decisivo no processo de impeachment de Collor, assim como Bob Woodward e Carl Bernstein tiveram no caso Watergate no início dos anos 70 nos EUA, que resultou na renúncia de Richard Nixon.
O jornalista trabalha com informação. O que ele tem a dizer é relevante para a população. Seja a notícia de que uma guerra está se aproximando ou que um famoso cantor morreu, alguém estará interessado em saber o que acontece por aí. E a exigência por qualidade é muito grande. Não há muito espaço para amadorismo. O jornalismo é profissional. E como tal, exige capacitação.
Essa ideia é compartilhada por 50 senadores, que assinaram a Proposta de Emenda Constitucional do também senador Antônio Carlos Valadares, que defende a exigência do diploma (sem proibir a presença de colaboradores de outras áreas nas redações) para jornalistas. O economista, atleta, cientista e outros profissionais podem (e devem) participar da imprensa. Eles têm conhecimentos que jornalistas não têm. Mas revogar um direito adquirido há 40 anos não está certo.
Por Pedro Faustini
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